Representantes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM) advertiram ontem (18/10/11) a comunidade internacional sobre a situação da fome no mundo, considerada por eles alarmante e dramática. Para os especialistas, a situação se agrava com o crescimento da população mundial e a elevação constante dos preços dos alimentos. A região que mais sofre no mundo é a conhecida como Chifre da África, onde está a Somália.
"Uma em cada sete pessoas no mundo vai para a cama com fome, na maioria mulheres e crianças", disse a diretora da representação do PAM em Genebra (Suíça), Lauren Landis, no seminário intitulado Lutar Juntos Contra a Fome. "A fome mata anualmente mais pessoas do que os vírus que transmitem a aids, a malária e a tuberculose", acrescentou.
No período de 2005 a 2008, os preços dos alimentos atingiram o nível mais elevado dos últimos 30 anos. Os alimentos mais afetados são o milho e o arroz. "A situação assumiu proporções dramáticas a partir de 2008, quando os preços alcançaram um pico histórico e quase duplicaram em um período de três a quatro anos", disse o diretor da FAO em Genebra, Abdessalam Ould Ahmed.
Ahmed acrescentou ainda que a situação atual é "mais dramática" porque o aumento dos preços dos alimentos ocorre no mesmo momento do agravamento da crise econômica internacional.
Para ele, a elevação dos preços é uma consequência, entre outros fatores, do aumento substancial da população mundial. "Cada ano existem no mundo mais 80 milhões de bocas para alimentar", disse Ahmed.
DILMA DEFENDE POLÍTICAS INCLUSIVAS
Ao discursar ontem (18/10/11) na reunião da Cúpula do Ibas, grupo de cooperação multilateral que reúne Índia, Brasil e África do Sul, a presidente Dilma Rousseff defendeu que as três nações levem uma posição unificada à reunião do G20, que ocorre nos dias 3 e 4 de novembro, em Cannes, na França.
Essa posição, na opinião da presidente brasileira, deve ser contrária às políticas protecionistas que provoquem a guerra cambial e devem necessariamente ter a orientação de incluir socialmente as populações menos favorecidas. "Nesta Cúpula do G20, precisamos transmitir, em novembro, uma forte mensagem de coesão política e de coordenação macroeconômica. Não podemos ficar reféns de visões ultrapassadas ou de paradigmas vazios de preocupação social, em relação ao emprego e em relação à riqueza dos povos", disse Dilma.
"A grave crise financeira que hoje vivemos expõe a fragilidade da governança econômica global e as dificuldades que enfrentam as lideranças políticas que estão no epicentro da crise. Como vivemos num mundo globalizado e sofremos as consequências das turbulências do mundo desenvolvido, temos também o direito e o dever de participar da busca de soluções para essa situação de crise. Sabemos ser necessário um acordo credível entre os países europeus, para impedir que a crise fique incontrolável, afetando o mundo", destacou a presidente.
A declaração foi feita após o encontro com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro da Índia, Mohamd Manmohan Singh.
Como prioridade para resolver a crise, Dilma destacou a necessidade de os países resolverem suas dívidas e fazerem os devidos ajustes fiscais.
"É prioritário solucionar o problema da dívida soberana e reverter o quadro recessivo global. É inadiável a regulamentação do sistema financeiro. É fundamental pôr fim a políticas monetárias que provocam uma verdadeira guerra cambial e estimulam o protecionismo. É importante buscar a consolidação fiscal e a solidez dos sistemas bancários", disse a presidente brasileira.
Dilma voltou a defender uma reforma mais profunda nas instituições multilaterais com uma participação maior dos países emergentes na direção desses fóruns. Essa é uma bandeira antiga dos países do Ibas que defendem uma reestruuração do Banco Mundial (BID) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). "O Ibas está ampliando, de maneira expressiva, a voz dos países em desenvolvimento nos fóruns multilaterais e reforçando nossa capacidade de responder de modo eficaz aos desafios de um mundo em profunda transformação", disse a presidente.
"Comprovamos que políticas macroeconômicas fiscalmente responsáveis são compatíveis com medidas ativas de distribuição da renda e inclusão social. Fizemos da rigorosa regulamentação financeira e da consolidação fiscal pré-requisitos da robustez de nossas economias. Esse legado deve se refletir no processo de reforma em curso no Fundo Monetário e no Banco Mundial conferindo aos países emergentes um poder de voto equivalente a seu peso crescente na economia mundial. As reformas acertadas em 2009 têm de ser levadas a cabo", destacou.
A participação dos emergentes na solução da crise, para a presidente brasileira, tem importância fundamental. "Sabemos que processos recessivos jamais conduziram país algum a sair das crises e do desemprego. Temos credenciais sólidas para exigir novos fundamentos para a arquitetura financeira mundial. Nós reforçamos nossa capacidade de resistência à crise ao estimularmos o fortalecimento de nossos mercados internos incluindo socialmente nossas populações e gerando emprego", destacou.
FONTE
Agência Brasil
Renata Giraldi e Luciana Lima - Repórteres
Lílian Beraldo - Edição
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