A ração é um dos itens mais representativos para determinação do custo total de produção na piscicultura. Com os sucessivos aumentos dos alimentos convencionais utilizados para a fabricação de ração para peixes, subprodutos e coprodutos da agroindústria podem ser uma alternativa para diminuir o preço deste insumo.
No entanto, para que o alimento alternativo apresente potencial de utilização é necessário que apresente baixo custo, volume de produção, disponibilidade regional, e que não prejudique o desempenho do animal. Nesse último caso é recomendável o amplo conhecimento das características nutricionais, aproveitamento de nutrientes e outros fatores presentes no alimento que possam interferir no desempenho animal.
O Brasil é um grande produtor de mandioca, com o cultivo distribuído de Norte a Sul. Além da característica nutricional, como reconhecida fonte de alimento humano e animal, a mandioca apresenta grande importância econômica e social em muitas regiões. Para alimentação animal, alguns subprodutos do processamento da raiz, tais como raspa, casca, apara, farelo de varredura, além da parte aérea são utilizados principalmente para alimentação de bovinos e caprinos em diversas propriedades rurais.
Apesar da parte aérea apresentar alto teor protéico, alguns compostos presentes principalmente na folha, desencadeiam a formação de ácido cianídrico que é tóxico ao animal e, portanto, este material deve ser processado de maneira adequada. A secagem é uma forma simples e eficiente de eliminar a toxidez e pode ser facilmente aplicada nas propriedades rurais, tanto diretamente ao sol, quanto à sombra.
Apesar de existirem algumas recomendações do uso da parte aérea da mandioca para ruminantes, poucas informações com embasamento científico estão disponíveis para peixes. Considerando essas questões, pesquisas foram conduzidas no Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS) com a finalidade de avaliar a secagem da parte aérea da mandioca e identificar o melhor processamento do ponto de vista prático, aliando o melhor aproveitamento do conteúdo nutricional para tilápias.
Resultados preliminares indicam que a secagem à sombra foi eficiente para reduzir os compostos tóxicos e melhorar o aproveitamento da parte aérea. Além disso, é possível substituir parte do farelo de soja pela parte aérea da mandioca sem interferências no desempenho da tilápia, o que geraria uma redução de custo da ração.
Contudo, a validação dos resultados a campo, assim como aprimoramentos no processo de obtenção e secagem, ainda são necessários para utilização em escala comercial, no entanto, os resultados experimentais já demonstram o alto potencial de uso da parte aérea da mandioca para alimentação da tilápia e de outras espécies.
AUTORIA
Hamilton Hisano
Zootecnista
Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste
E-mail: hhisano@cpao.embrapa.br
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