sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Brasil precisa dobrar investimentos em ciência, tecnologia e inovação

A ampliação dos recursos destinados pelo governo à ciência, tecnologia e inovação foi a tônica do primeiro dia do Seminário Internacional de Inovação Agropecuária, realizado pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados, ontem (05/10/11).

O presidente da Frente Parlamentar da Pesquisa e Inovação, Paulo Piau (PMDB-MG), expressou seu descontentamento com o contingenciamento de recursos de ciência e tecnologia e afirmou que o Brasil precisa mais que dobrar os investimentos do setor. Ele afirmou que "os burocratas de nosso País não sabem que um trabalho de pesquisa não pode ter interrupção"

"Temos três ilhas de competência no País, que são a Petrobras, a Embraer e a Embrapa", constatou Piau, para em seguida afirmar que isso é pouco e, só competência, não basta: "só com investimentos em ciência, tecnologia e pesquisa poderemos avançar". De acordo com os dados apresentados pelo parlamentar, o Brasil aplica no setor apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB), quando, em sua avaliação, seriam necessários, pelo menos 2,5%.

Piau delineou um quadro comparativo. Alertou que o fosso de conhecimento entre o Brasil e os países desenvolvidos -- e até os em desenvolvimento, como a Índia, na área de medicamentos, aumenta a cada dia. Foi enfático ao dizer que o que considera razoável: "o Brasil precisa aumentar 10% de sua aplicação nos próximos nove anos, para alcançarmos o percentual de 2,5%". Lembrou, ainda, que os EUA aplicam 2,8% do PIB nessa área e, mesmo em plena crise financeira, contingenciaram recursos de vários setores, menos de ciência e tecnologia.

CÓDIGO

O debate e a votação, o quanto antes, do Código de Ciência e Tecnologia foram apontados pelo parlamentar com um desafio. "Essa discussão vai permear todas as instituições públicas e privadas envolvidas no setor", garantiu, ao manifestar a intenção de que sejam realizadas audiências públicas e trazidas à tona não apenas uma compilação de projetos que estão em tramitação na Câmara dos Deputados, mas as bases estruturantes para que a ciência e a tecnologia não sejam algo temporário, mas sim permanente no País.

O diretor do Departamento de Propriedade Intelectual e Tecnologia Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Hélcio Campos Botelho, anunciou que MAPA, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Embrapa têm projetos para que parlamentares aloquem recursos do projeto de Lei Orçamentária para pesquisa e inovação.

SUSTENTABILIDADE

O diretor da Embrapa, Maurício Lopes, também evidenciou a necessidade de políticas públicas adequadas para o setor. Ao mesmo tempo em que situou os avanços substanciais ao longo das últimas décadas, onde a agricultura brasileira -- tropical e subtropical -- construiu uma das maiores revoluções no globo, disse que agora é preciso "trazer nossa agricultura para o centro da agricultura sustentável, da agricultura verde".

Para Lopes, o desafio atual é levar tecnologia, informação e capacitação a um grande contingente de pequenos agricultores e aos que fazem a agricultura familiar. "Temos uma agricultura pujante, que se projeta no cenário internacional, que se tornou grande exportadora de alimentos. Mas, temos também muitos agricultores pobres, que vivem à margem do mercado", afirmou, ao enfatizar que são esses os que precisam de mais suporte.

Na mesma sintonia, o diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Argileu Martins da Silva, disse que não existe desenvolvimento sem conhecimento. E, a coordenadora de Gestão tecnológica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Eliana Azambuja, ressaltou a necessidade de levar a academia para as empresas.

O seminário conta com o apoio das Frentes Parlamentares da Pesquisa e Inovação e da Assistência Técnica e Extensão Rural. A realização envolve Embrapa, Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Consepa) e Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer).

FONTE

Embrapa
Mônica Silveira - Jornalista

Com informações da Agência Câmara

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