Já no primeiro dia (16/11), a Feira apresentou resultados positivos, com o fechamento de um acordo de cooperação tecnológica entre o Brasil e a Noruega, através do Instituto Norueguês de Alimentação, Pesca e Aquicultura, o Nofima, e a Embrapa Aquicultura e Pesca. Um dos focos da parceria será a produção em cativeiro do peixe tambaqui, terceira principal espécie cultivada nas águas brasileiras e que tem despertado interesse da Noruega.
Com uma comitiva formada por 12 empresários, a China também teve destaque na 1ª Feira Internacional de Pesca e Aquicultura. Maior produtor de pescado do mundo, com 34 milhões de toneladas de pescado por ano, o país demonstra interesse em investir no setor pesqueiro e aquícola do Brasil. Tang Chuanqin, da empresa Shandong Homey Group, durante uma palestra na Aquapescabrasil, disse que não há mais espaço para pesca na China. “Por isso, empresários do país têm procurado outras regiões para investir”.
A atual situação do segmento no Brasil, as perspectivas, o potencial do cultivo aquícola e o futuro do setor foram temas de discussão das palestras da Aquapescabrasil. O pavilhão de 3 mil m2 do Centreventos de Itajaí serviu de palco para empresas nacionais e internacionais exporem o que há de mais moderno na área. Fornecedores, transportadores, universidades, terminais de estocagem, bancos, prestadores de serviços, governos e cooperativas se reuniram com objetivo de alavancar o desenvolvimento da pesca e aquicultura brasileira.
“A feira será um marco na história do setor. Por um lado, a realização do evento é resultado da dimensão que o segmento vem ganhando. Ao mesmo tempo, a Aquapescabrasil serviu para dar um novo impulso ao segmento, trazer motivação, conhecimento e novas alternativas em tecnologia”, afirmou o Ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, que esteve presente na abertura oficial do evento.
Durante a visita à Feira, o ministro esteve nos estandes, conversou com os empresários e participou de um Painel Interministerial com o Vice-Ministro da Pesca e Assuntos Costeiros da Noruega, Vidar Ulriksen. Além disso, participou do lançamento do livro Casos de Sucesso, produzido pelo Secretário Nacional de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do MPA, Felipe Matias.
Para Gregolin, a Aquapescabrasil foi um grande passo para o desenvolvimento do setor, mas ainda há muito que fazer. “Há pouco tempo não existiam políticas para o setor. Com a criação do MPA foram firmadas bases para então obter uma política de desenvolvimento”, disse.
O ministro defendeu ainda que o próximo passo é ampliar os investimentos em créditos, na formação profissional e rever a questão da tributação de toda a cadeia produtiva. É necessário garantir um ordenamento pesqueiro e promover o desenvolvimento de forma sustentável, evitando problemas futuros, como a pesca desenfreada e a falta de segurança alimentar. Com a Aquapescabrasil entrando para o calendário internacional de feiras do setor, tenho certeza de que estamos no caminho certo”, finalizou.
Comercialização da pesca no Brasil
Os desafios para uma inserção mais eficaz do setor no mercado brasileiro também foram tema de discussão. Uma mesa redonda foi realizada com a participação de Abraão Oliveira, do Ministério da Pesca e Aquicultura, Carlos Ely, diretor de relações institucionais da rede Walmart, Márcio Milan, vice-presidente da Agência Brasileira de Supermercados, e Dario Luiz Vitali, representante do CONEPE.
Entre os assuntos levantados esteve a média brasileira de consumo de pescados, que ainda é muito baixa em comparação com outros países – 9kg per capita por ano, quando o recomendado pela FAO é 12Kg. O vice-presidente da Abras, Agência Brasileira de Supermercados, Márcio Milan, falou sobre as previsões do setor. “O consumidor está mais consciente, e está migrando para hábitos de consumo mais saudáveis, entre eles o consumo de pescados”, declarou.
Os desafios do setor
Atualmente, os maiores produtores aquícolas no Brasil são os Estados de Santa Catarina, que detém 90% da maricultura do país, e o Ceará, com a produção de Tilápias e Camarão. A surpresa vem do Mato Grosso, tradicional da pecuária bovina, que vem se destacando na produção aquícola.
As perspectivas e o potencial do cultivo aquícola no Brasil também foram temas de uma mesa-redonda. Participaram do debate, o Secretário Nacional de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do MPA, Felipe Matias, o consultor internacional em aquicultura e pesca, o chileno Carlos Wurmann, o representante regional interino da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Alejandro Flores Nava, e o diretor do Departamento de Aquicultura em Águas da União do MPA, Marcelo Sampaio. Os palestrantes apresentaram dados sobre as perspectivas do país em relação à pesca extrativista, aquicultura, políticas governamentais, pesquisa e tecnologia.
“O Brasil é visto como um país que tem um potencial enorme, mas que precisa de muitas ações para se desenvolver e alçar vôos”, disse Wurmann. Ele alega que o país passou por um processo interessante e que a comunidade pesqueira tem uma avaliação positiva. “Romperam somente as primeiras barreiras no sentido de tornar a indústria pesqueira competitiva e de qualidade”, afirma.
Felipe Matias confirmou o crescimento nos últimos anos. “De 2002 a 2009 houve um aumento de mais de 60% da produção em todas as espécies”. Segundo ele, a chamada aquicultura continental cresceu cerca de 80% e que o país segue a tendência mundial de estimular a produção de peixes pelo cultivo.
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