De acordo com o mapeamento realizado pelo Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SIES) do Ministério do Trabalho e Emprego, o número de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) no Brasil vem aumentando. De 2003 a 2007 foram criados quase oito mil EES no país. Na década de 1990, durante esse mesmo período de quatro anos, o número era de 3.420.
Empreendimento Econômico Solidário é uma forma de produzir e vender artefatos em grupo. As "sobras", como é chamado o lucro nesse tipo de empreendimento, são divididas entre todos os membros da associação, cooperativa, empresa autogestionária, grupo de produção ou clube de troca de forma igual. Um dos propósitos desse tipo de empreendimento é a preservação do meio ambiente. O material ultilizado na confecção de alguns produtos é reciclável e doado pela população.
Um fator que chama a atenção no mapeamento é o aumento no número de empreendimentos formados exclusivamente por mulheres. De 383 existentes no Distrito Federal, são 134, ou 35%. Ainda existem os constituídos apenas por homens e por ambos os sexos, que são 35 e 214 respectivamente. Os índices do SIES mostram, ainda, que a maior concentração de Empreendimentos Econômicos Solidários do DF está em Ceilândia, com 65. Em segundo lugar está o Paranoá, com 64. Com menor número estão Cruzeiro, com apenas um EES, e Núcleo Bandeirante, com dois.
Um exemplo de Empreendimento Econômico Solidário é a Solidart, associação que produz confecções de bordados, croché, pintura, panos de prato, decupagem, bijuterias e artesanato em geral. São 16 mulheres entre 30 e 60 anos, que se reuniam na residência da presidente da associação, Marly Mello Pereira, e agora ocupam uma loja no Top Mall, em Taguatinga Norte, onde expõem seus trabalhos.
Elas começaram a trabalhar juntas e queriam ganhar dinheiro com seus trabalhos. Em uma visita à Administração de Taguatinga, a agente de desenvolvimento do Projeto Brasil Local, Patrícia Ferreira, explicou como funciona o projeto. As senhoras se interessaram e agora, com a ajuda de Patrícia, estão agindo para conseguir a CNPJ. O Brasil Local é um projeto do Governo Federal que apoia o desenvolvimento local sustentável por meio do fomento à organização de empreendimentos coletivos gerados pelos próprios trabalhadores. É coordenado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) do Ministério do Trabalho e Emprego.
Uma das associadas, Socorro Feijó de Oliveira, conta que desde pequena sempre gostou de pintar e aprendeu sozinha. Depois que casou, teve seus filhos e passou por vários problemas de saúde, não pôde mais se dedicar à pintura. Quando pôde voltar a pintar, foi chamada por Marly para integrar a associação e obteve uma grande melhora, tanto em sua saúde como em sua auto-estima. No ano passado, ela perdeu parte de dois dedos da mão direita em um acidente em sua máquina de lavar roupas e ficou quase um ano sem pintar. Mas agora, mesmo com pequenas dificuldades, continua fazendo seus trabalhos de pintura em panos de prato, tapetes e até telhas. "Foi uma grande melhora na minha vida. O artesanato é uma terapia, tenho vontade de passar para pessoas que sofrem de depressão ou outros problemas."
As 16 mulheres se reúnem quinzenalmente com a agente Patrícia para organizar o empreendimento. Elas participam de exposições e fazem cursos que aprimoram seus conhecimentos e trabalhos. Com a formação da associação, estão vendendo seus trabalhos para conseguir juntar o dinheiro necessário para se legalizar.A Economia Solidária move hoje, por mês, R$ 653 milhões, quase R$ 8 bilhões por ano. Segundo a chefe de divisão de promoção da SENAES, Aline Bezerra, "Economia Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, consumir, tudo sendo feito sem prejudicar o meio ambiente e cooperando como iguais, com a crise, a economia solidária pode vir a se tornar um meio de dar emprego a quem precisa".
Fonte: Na Prática - Jornal Laboratório do IESB
Nenhum comentário:
Postar um comentário